segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Espelho, espelho meu...


O Alquimista pegou num livro que alguém na caravana tinha trazido. O volume estava sem capa, mas conseguiu identificar o seu autor: Oscar Wilde . Enquanto folheava as suas páginas, encontrou uma história sobre Narciso.

O Alquimista conhecia a lenda de Narciso, um belo rapaz que todos os dias ia contemplar a sua própria beleza num lago. Estava tão fascinado por si mesmo que certo dia caiu dentro do lago e morreu afogado. No lugar onde caiu, nasceu uma flor, a que chamaram narciso.

Mas não era assim que Oscar Wilde acabava a história.

Ele dizia que quando Narciso morreu, vieram as Oréiades - deusas do bosque - e viram o lago transformado, de um lago de água doce, num cântaro de águas salgadas.

- Por que choras? - perguntaram as Oréiades .

- Choro por Narciso - disse o lago.

- Ah, não nos espanta que chores por Narciso - continuaram elas. - Afinal de contas, apesar de todas nós corrermos atrás dele pelo bosque, tu eras o único que tinha a oportunidade de contemplar de perto a sua beleza.

- Mas Narciso era belo? - perguntou o lago.

- Quem mais do que tu poderia saber disso? - responderam, surpresas, as Oréiades . - Afinal de contas, era nas tuas margens que ele se debruçava todos os dias.

O lago ficou algum tempo quieto. Por fim, disse:

- Eu choro por Narciso, mas nunca tinha percebido que Narciso era belo.

"Choro por Narciso porque, todas as vezes que ele se debruçava sobre as minhas margens eu podia ver, no fundo dos seus olhos, a minha própria beleza refletida."

Paulo Coelho, in O Alquimista (Ed. Rocco)

sábado, 25 de outubro de 2008

Imagem do ano!


O presidente na Academia Brasileira de Letras. Lula assinou o decreto que sanciona a Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa.

sábado, 18 de outubro de 2008

Roboticídio



– Sou o Cidadão Elijah Baley, da Terra, e desejo falar com o Mestre Roboticista Kelden Amadiro.
– Marcou hora, Cidadão?
– Não, senhor.
– É preciso marcar, se deseja vê-lo... e não há hora disponível nesta semana nem na próxima.
– Sou o detetive Elijah Baley, da Terra...
– Entendi bem quem é. E isso não altera os fatos.
– A pedido do Dr. Han Fastolfe e com autorização da Legislatura do Mundo de Aurora, estou investigando o assassinato do robô Jander Panell... – começou Baley, quando foi interrompido.
– O assassinato do robô Jander Panell? – perguntou Cicis, com um desprezo que a polidez não mascarava.
– Roboticídio, então, se prefere assim. Na Terra, a destruição de um robô pode não importar muito, mas em Aurora, onde os robôs são tratados mais ou menos como seres humanos, pareceu-me poder usar a palavra "assassinato".
– Contudo, seja assassinato, roboticídio ou nada disso, continua sendo impossível ver o Mestre Roboticista Amadiro.
– Posso mandar-lhe um recado?
– Pode.
– Será entregue a ele imediatamente? Já?
– Posso tentar, mas evidentemente não posso garantir.
– Assim está bem. Vou me referir a várias coisas e numerá-las. Talvez o senhor quisesse anotá-las.
Cicis esboçou um sorriso.
– Acho que sou capaz de lembrar.
– Primeiro, onde há um assassinato, há um assassino, e eu gostaria de dar ao Dr. Amadiro uma possibilidade de se defender...



Os Robôs do Amanhecer (Isaac Asimov)

Novos pictogramas

sábado, 11 de outubro de 2008

"Cacique Seattle" brasileiro

Resposta atribuída a Cristovam Buarque, quando questionado sobre a "internacionalização" da Amazônia em suposto encontro realizado nos EUA, no ano 2000:

Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro... O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. (...) Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França (...).


Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a humanidade.


Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos também todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.


Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazônia.


Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja só nossa!



sexta-feira, 10 de outubro de 2008

"Alter egos"

Elizabeth McGovern em "Era uma vez na América".
No detalhe, Ana Paula Arósio.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Bem-aventurados os ignorantes

O quão infinitamente boa é a Providência ao haver estabelecido, em seu governo da humanidade, limites tão estreitos para nossa visão e conhecimento das coisas. Embora o homem circule em meio a tantos milhares de perigos, se todos lhe fossem revelados certamente lhe pertubariam a mente e enfraqueceriam a coragem. Assim, por não prevermos os acontecimentos e ignorarmos os riscos que nos cercam, permanecemos calmos e serenos.

As aventuras de Robinson Crusoé (Daniel Defoe)

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Patense fez ponta em gibi americano


Flagramos o ilustre radialista Edson Geraldo, o nosso Gegê, em cena de "Palestina", comic book de Joe Sacco (pág. 55).

sábado, 4 de outubro de 2008

Acervo virtual

Cara-pálida, no link abaixo, você tem acesso a uma biblioteca com mais de 600 obras de autores como Shakespeare, García Márquez e Saramago:

Ebooks_PT-BR.html

Fonte: F.A.R.R.A.


Clique AQUI para assinar a petição pelo veto ao projeto de "cibercrimes".

Se, como diz o projeto de lei, é crime 'obter ou transferir dado ou informação disponível em rede de computadores', (...) o simples ato de acessar um site já seria um crime.


Jornalismo em quadrinhos



Ele [o repórter-fotográfico] procura por um instante. Mas eu busco uma época.


(Joe Sacco, quadrinista europeu)

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Sex-sufrágio


Manchete do Patos Hoje: "Mais de 600 homens vão fazer a segurança nas eleições 2008 na região".

E quanto ao efetivo do sexo feminino, cara-pálida, não será convocado?