segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Portas abridas...

 ...aos cidadões de bens


domingo, 11 de agosto de 2024

Apenas um bebezinho


Não é que eu não te amava,

é que eu esperava muito da juventude.

Mas amanhã eu serei um pai

de verdade.





"

Escute, filho. Eu estou dizendo isto enquanto você dorme, debruçado com a sua mãozinha debaixo do seu rosto e os cachinhos dourados molhados de suor e grudados em sua testa. Eu entrei no seu quarto sozinho. Há apenas alguns minutos, enquanto estava sentado na biblioteca lendo o meu jornal, fui invadido por uma onda de remorso sufocante. Sentindo-me culpado, vim para ficar ao lado de sua cama.

Eu estive pensando sobre algumas coisas, filho. Fiquei bravo com você. Eu te dei uma bronca enquanto você estava se vestindo para ir à escola, porque você não enxugou o rosto direito com a toalha. Briguei com você por não ter limpado os sapatos. Gritei com muita raiva quando você jogou algumas coisas no chão.

No café da manhã, também fiquei irritado. Você derramou algumas coisas. Você engoliu a sua comida. Você colocou os cotovelos sobre a mesa. Você colocou muita manteiga em seu pão. E quando você saiu para brincar e eu para pegar o meu trem, você virou para mim e acenou e disse, “Tchau, papai!”. E eu fechei a cara e respondi, “Endireite as suas costas!”.

Depois, tudo recomeçou no final da tarde. Enquanto eu subi à rua, vi você ajoelhado brincando com bolinhas de gude. Havia buracos em suas meias. Eu te humilhei na frente dos seus amiguinhos e te fiz entrar em casa antes de mim. “Meias são caras, e se você tivesse que comprá-las, você seria mais cuidadoso!”. Imagine isso, filho, vindo de um pai.

Você se lembra, mais tarde, quando eu estava lendo na biblioteca como você entrou timidamente com um olhar de mágoa em seus olhos? Quando olhei por cima do meu jornal, incomodado com a interrupção, você hesitou à porta. “O que você quer?", perguntei irritado.

Você não disse nada, mas correu e atirou-se ao redor de meu pescoço e beijou-me. E os seus pequenos braços apertavam com o afeto que Deus havia colocado em seu coração e que nem a negligência poderia apagar. Então você sumiu, subindo os degraus da escada.

Bem, filho, foi logo depois que o jornal escapou das minhas mãos e um medo terrível tomou conta de mim. O que o hábito estava fazendo comigo? O hábito de encontrar falhas, de repreender. Esta foi a minha recompensa a você por ser menino. Não é que eu não te amava, é que eu esperava muito da juventude. Eu estava te medindo com a mesma medida com que fui medido na minha vida. 

E havia tanta beleza, bondade e verdade em seu caráter! O seu pequeno coração era tão grande quanto o sol amanhecendo por sobre as colinas extensas. Você demonstrou isso pelo seu impulso espontâneo de entrar correndo e me dar um beijo de boa noite. Nada mais importa hoje à noite, filho. Eu vim ao lado de sua cama no escuro e me ajoelhei aqui, envergonhado.

É uma tentativa um tanto inútil de arrependimento. Eu sei que você não compreenderia essas coisas se eu te contasse enquanto você estivesse acordado. Mas amanhã eu serei um pai de verdade. Serei o seu amigo. Sofrerei quando estiver sofrendo. Darei risada quando você rir. Morderei a minha língua quando vierem as palavras de impaciência. Continuarei a repetir as palavras como um ritual. “Ele é apenas um menino, um menininho”.

Infelizmente, eu te vi como homem. Mas, filho, agora quando te vejo debruçado e cansado em seu berço, eu entendo que você ainda é um bebê. Ontem você estava nos braços de sua mãe, a cabeça em seu ombro. Eu fui muito, mas muito exigente.


By W. Livingston Larned
In: The father forget ("O pai esquece")



terça-feira, 6 de agosto de 2024

O Menino e a Virgem

Nossa Senhora, com o Menino Jesus em seus braços, resolveu descer à Terra e visitar um mosteiro. Orgulhosos, todos os padres fizeram uma grande fila, e cada um chegava diante da Virgem para prestar sua homenagem.

Um declamou belos poemas, outro mostrou suas iluminuras para a Bíblia, um terceiro disse o nome de todos os santos. E assim por diante, monge após monge, homenageou Nossa Senhora e o Menino Jesus.

No último lugar da fila, havia um padre, o mais humilde do convento, que nunca havia aprendido os sábios textos da época. Seus pais eram pessoas simples, que trabalhavam num velho circo das redondezas, e tudo que lhe haviam ensinado era atirar bolas para cima e fazer alguns malabarismos.

Quando chegou sua vez, os outros padres quiseram encerrar as homenagens, porque o antigo malabarista não tinha nada de importante para dizer, e podia desmoralizar a imagem do convento. Entretanto, no fundo do seu coração, também ele sentia uma imensa necessidade de dar alguma coisa de si para Jesus e a Virgem.

Envergonhado, sentindo o olhar reprovador de seus irmãos, ele tirou algumas laranjas do bolso e começou a jogá-las para cima, fazendo malabarismos, que era a única coisa que sabia fazer.

Foi só neste instante que o Menino Jesus sorriu, e começou a bater palmas no colo de Nossa Senhora. E foi para ele que a Virgem estendeu os braços, deixando que segurasse um pouco o menino.


O ALQUIMISTA (Paulo Coelho)


segunda-feira, 6 de maio de 2024

quarta-feira, 1 de maio de 2024

domingo, 21 de abril de 2024

Maçonaria insiste em vincular sua imagem à de Tiradentes

PAPEL ACEITA TUDO


Há tempos a Ordem Maçônica mineira QUER PORQUE QUER atrelar a bandeira ideológica defendida por Tiradentes aos ideiais da Maçonaria e, de quebra, colher os méritos pelas conquistas históricas da Inconfidência. Pra isso, vale tudo: hoje os irmãos resolveram apelar até para um "decreto". VAI QUE COLA!

Decreto assinado pelo Grão-Mestre, Sérgio Quirino


domingo, 7 de abril de 2024

terça-feira, 1 de novembro de 2022

O contrato nupcial utopiano (fragmento)

Em seu mais célebre escrito, que trata

de uma ilha fictícia (Utopia), S. Thomas Morus

descreve o casamento no capítulo

intitulado "Dos Escravos"...


"

(...) O homem que se mata sem motivo reconhecido pelo magistrado e pelo padre, é julgado indigno da terra e do fogo; seu corpo é privado de sepultura e atirado ignominiosamente nos pântanos. As moças não se podem casar antes dos dezoito anos; os rapazes, antes dos vinte e dois.

Os indivíduos de um e doutro sexo, convictos de se terem entregue ao prazer antes do casamento, são passíveis de uma censura severa; e o casamento lhes é completamente interdito, a menos que o príncipe releve a falta. O pai e a mãe de família, em cuja casa foi o delito praticado, ficam desonrados por não terem velado com bastante cuidado pelo comportamento de seus filhos. Esta lei parece-vos, talvez, rígida em excesso; porém, na Utopia, pensa-se que o amor conjugal não tardaria a extinguir-se entre dois seres condenados a viver eternamente um em face do outro, e a sofrer os mil inconvenientes desse comércio íntimo, se amores vagabundos e efêmeros fossem tolerados e impunes.

Aliás, os utopianos não se casam às cegas; e para melhor se escolherem, seguem um uso que, à primeira vista, nos pareceu eminentemente ridículo, mas que praticam com um sangue frio e uma seriedade verdadeiramente notáveis. Uma dama honesta e grave mostra ao prometido sua noiva, donzela ou viúva, em estado de completa nudez; e reciprocamente, um homem de probidade comprovada, mostra à rapariga seu noivo nu. Este costume singular fez-nos rir muito e o consideramos mesmo sofrivelmente estúpido; mas, a todos os nossos epigramas, os utopianos respondiam que nunca se cansariam de admirar a loucura da gente dos países estranhos. Quando, diziam eles, comprais um poldro, negócio de alguns escudos, tomais precauções infinitas. O animal está quase nu, e entretanto, tirai-lhe a sela ou o arnez, temendo que esses fracos invólucros escondam alguma úlcera. E, quando se trata de escolher uma mulher, escolha que influi sobre todo o resto da vida, e que pode fazer desta uma delícia ou uma tortura, procedeis com a maior incúria!

Como?! Prendei-vos indissoluvelmente a um corpo todo oculto em vestes que o envolvem; julgais a mulher inteira por um pedaço de sua pessoa, tão grande quanto a mão, pois só o rosto está à vista! E não temeis de encontrar depois disto alguma deformidade secreta, que vos leve a maldizer esta união arriscada! Os utopianos tinham alguma razão em falar assim, porque todos os homens não são bastante filósofos para estimar uma mulher apenas por seu espírito e coração, e os próprios filósofos não se aborreceriam por encontrar refluídas a beleza do corpo e as qualidades da alma. É certo que o mais belo ornato pode encobrir a mais repugnante deformidade; então, o coração e os sentidos do infortunado marido repelirão para bem longe a mulher da qual não poderá jamais se separar fisicamente; pois se a mistificação não se deu senão após a consumação do enlace, não destrói a sua indissolubilidade, e ao marido, não lhe resta mais do que guardar consigo a sua desventura. É pois necessário que as leis forneçam meios infalíveis de não se cair na armadilha, sobretudo na Utopia onde a poligamia é severamente proscrita e onde o casamento não se dissolve, na maioria das vezes, senão pela morte, excetuando-se o caso de adultério e de costumes absolutamente dissolutos. Nos dois casos o senado dá ao cônjuge ofendido o direito de se casar novamente; o outro é condenado a viver perpetuamente na infâmia e no celibato.

Não é permitido, sob nenhum pretexto, repudiar uma mulher de comportamento irrepreensível, sob o fundamento de alguma enfermidade corporal que haja adquirido. Abandonar assim uma esposa, no momento em que tem maior necessidade de socorros, é, aos olhos dos utopianos, uma cruel covardia; é ainda tirar à velhice toda esperança no futuro, pois não é a velhice a mãe de todos os achaques, e não é ela, já em si, uma doença? Acontece algumas vezes na Utopia que o marido e a mulher não podendo conviver juntos por incompatibilidade de gênios, procuram novas metades, que lhes prometam uma vida mais feliz e mais doce. A demanda de separação deve ser levada aos membros do senado que, após terem escrupulosamente examinado a questão, juntamente com suas mulheres, rejeitam ou autorizam o divórcio. Neste último caso, as duas partes queixosas separam-se com mútuo consentimento e casam-se em segundas núpcias. O divórcio é raramente permitido; os utopianos sabem que dar a esperança de poder casar novamente com facilidade, não é o melhor meio de estreitar os laços do amor conjugal. O adultério é punido com a mais dura escravidão. Se os dois culpados eram casados, os esposos ultrajados têm, cada qual, o direito de repúdio respectivo, e podem casar-se entre si ou com quem bem lhes pareça.

Entretanto, se o cônjuge, homem ou mulher, que sofreu a injúria, ama ainda o esposo ou esposa indigna, o casamento não é rompido, com a condição, entretanto, de que o inocente siga o culpado aonde ele foi condenado a trabalhar. A reincidência no adultério é punida com a morte. As penas dos outros crimes não são invariavelmente determinadas pela lei. O senado proporciona a pena conforme a enormidade do delito. Os maridos castigam suas mulheres; os pais, seus filhos; a menos que a gravidade do delito exija uma reparação pública.

A pena ordinária, mesmo para os maiores crimes, é a escravidão. Os utopianos creem que a escravidão não é menos terrível para os celerados do que a morte, sendo, além disso, mais vantajosa para o Estado. Um homem que trabalha, afirmam, é mais útil que um cadáver; e o exemplo de um suplício perpétuo inspira um terror muito mais duradouro do que uma matança legal, que faz o culpado desaparecer num instante. Quando os condenados escravos se revoltam, são mortos como animais ferozes e indomáveis que a cadeia e a prisão não puderam conter. Mas os que suportam pacientemente sua sorte, não perdem de todo a esperança. Vêm-se infelizes que, domados pelo tempo e pelo rigor dos sofrimentos, testemunham verdadeiro arrependimento, mostrando que o crime lhes pesa com mais força do que o castigo. Então, a prerrogativa do príncipe, ou a voz do povo, concede-lhes a liberdade. A simples solicitação ao deboche é passível da mesma pena que o estupro cometido. Em toda matéria criminal, a tentativa bem definida é reputada igual ao fato. Os obstáculos que impedem a execução de uma má intenção não justificam aquele que a concebeu, e que, por certo, teria cometido o mal se tivesse podido. 


By Santo Thomas Morus

domingo, 16 de maio de 2021

Parei de ver quando o brother diz que Darkside é um conhecido vilão da MARVEL...

 

Como assim, QUASE 176 PÁGINAS? Esse número não é EXATO? E o que significa "O PREÇO DE CAPA ESTÁ CUSTANDO"? Será que o preço está a venda?

 

terça-feira, 2 de março de 2021

domingo, 10 de janeiro de 2021

Sobre vira-latas e homens

 

 

A falsa noção de que o homem seja um animal glorioso e indescritível, e que sua contínua existência no mundo deve ser facilitada e assegurada

 

O lugar do homem na natureza

H. L. MENCKEN 

 

Poucos bichos são tão estúpidos ou covardes quanto o homem. O mais vira-lata dos cães tem sentidos mais agudos e é infinitamente mais corajoso, para não dizer mais honesto e confiável. As formigas e abelhas são, de várias formas, mais inteligentes e engenhosas; tocam para a frente seus sistemas de governo com muito menos arranca-rabos, desperdícios e imbecilidades.

O leão é mais bonito, digno e majestoso. O antílope é infinitamente mais rápido e gracioso. Qualquer gato doméstico comum é mais limpo. O cavalo, mesmo suado do trabalho, cheira melhor. O gorila é mais gentil com seus filhotes e mais fiel à companheira. O boi e o asno são mais produtivos e serenos. Mas, acima de tudo, o homem é deficiente em coragem, talvez a mais nobre de todas as qualidades. (...)

Nenhum outro animal é tão incompetente para se adaptar ao seu próprio ambiente. A criança, quando vem ao mundo, é tão frágil que, se for deixada sozinha por aí durante dias, infalivelmente morrerá, e essa enfermidade congênita, embora mais ou menos disfarçada depois, continuará até a morte. O homem adoece mais do que qualquer outro animal, tanto em seu estado selvagem quanto abrigado pela civilização. Sofre de uma variedade maior de doenças e com mais frequência. Cansa-se ou fere-se com mais facilidade. Finalmente, morre de forma horrível e geralmente mais cedo.

Praticamente todos os outros vertebrados superiores, pelo menos em seu ambiente selvagem, vivem e retêm suas faculdades por muito mais tempo. Mesmo os macacos antropoides estão bem à frente de seus primos humanos. Um orangotango casa-se aos sete ou oito anos de idade, constrói uma família de setenta ou oitenta filhos, e continua tão vigoroso e sadio aos oitenta quanto um europeu de 45 anos. (...)

Todos os erros e incompetências do Criador chegaram ao seu clímax no homem. Como peça de um mecanismo, o homem é o pior de todos; comparados com ele, até um salmão ou um estafilococo são máquinas sólidas e eficientes. O homem transporta os piores rins conhecidos da zoologia comparativa, os piores pulmões e o pior coração. (...)

Ao contrário de todos os animais, terrestres, celestes ou marinhos, o homem é incapaz, por natureza, de deixar o mundo em que habita. Precisa vestir-se, proteger-se e armar-se para sobreviver. Está eternamente na posição de uma tartaruga que nasceu sem o casco, um cachorro sem pelos ou um peixe sem barbatanas.  (...)

No entanto, é esta pobre besta que somos obrigados a venerar como uma pedra preciosa na testa do cosmos. É o verme que somos convidados a defender como o favorito de Deus na Terra, com todos os seus milhões de quadrúpedes muito mais bravos, nobres e decentes — seus soberbos leões, seus ágeis e galantes leopardos, seus imperiais elefantes, seus fiéis cães, seus corajosos ratos. O homem é o inseto a que nos imploram, depois de infinitos problemas, trabalho e despesas, reproduzir.

 

Trechos de “O LIVRO DOS INSULTOS”

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Um energúmeno na presidência

 

Justamente na maior crise planetária de saúde pública, o Brasil está nas mãos de um potencial genocida



Imagem: Mauro Pimentel/AFP


Houve por bem o Destino que, justamente quando o planeta enfrenta a maior crise sanitária dos últimos tempos, nossa incipiente e tumultuada República esteja sob o comando de um potencial genocida; uma criatura incapaz de se sensibilizar com a dor dos familiares dos quase 200 milhares de vítimas (número subestimado) e que o energúmeno e a massa ensandecida que o segue tacham de frouxos e maricas.

Na visão indecente e doentia de Jair e seus correligionários, mesmo aqueles que integram os grupos de risco (como o próprio presidente – não que deformidade de caráter seja uma comorbidade, mas porque Jair já passou dos 60) não sucumbiriam ao vírus se fossem “machos” de verdade, como eles invariavelmente se reafirmam, dando assim, aliás, mais razão a Freud.

Ressalte-se que o morticínio generalizado que se abate especialmente sobre nós, brasileiros, não decorre exclusivamente dos males da Covid-19. Parte é consequência direta da irresponsabilidade, do descaso, da incompetência e da omissão criminosa de homens públicos da estirpe de Bolsonaro ou nomeados por eles.

PatosHoje (31/12/2020)