terça-feira, 29 de novembro de 2011

terça-feira, 15 de novembro de 2011

A Corporação


"Dilbert"
By Scott Adams

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Rex

A família estava almoçando. Eram doze pessoas numa pequena casa. Pai e mãe estavam taciturnos. Os filhos, sempre correndo, passariam poucos minutos em casa, antes de voltar correndo para o trabalho.

Então, no quintal, ouvem um alvoroço. A princípio, não souberam bem do que se tratava. Depois, ouviram o latido grave do cachorro. As galinhas, assustadas, cacarejavam. A matriarca, lacônica: “É aquele cachorro de novo”. Voltou a comer. Nem um minuto se passou e o fuzuê começou de novo no quintal. A matriarca, lacônica: “João, vai lá e dá um jeito naquele cachorro”.

João, calmamente, silenciosamente, mastigou a comida, engoliu, enfiou mais um bocado na boca e, inexpressivo, caminhou para o quintal. Chamou pelo cachorro, que logo atendeu, indo contente ao encontro do dono, abanando o rabo. Pela coleira, levou o imenso animal até o local em que ele ficava quando amarrado. Prendeu o cão e, inexpressivo, apanhou um pedaço de pau.
Começou a bater no cachorro. Os integrantes da família que estavam em casa lá continuaram. O bicho tentava se safar, mas as pancadas eram impiedosas e cheias de raiva. Quanto mais Rex tentava se safar, mais a raiva de João aumentava, não se importando onde o cachorro era atingido. A boca dele já estava sangrando.

No fundo da casa em que a família mora há uma fabriqueta. O espaço é alugado pela família. Dois dos funcionários da pequena fábrica, alarmados pelo desespero do cachorro, deixaram o trabalho e saíram, para ver o que acontecia. Assim que chegaram ao umbral que dava para fora, puderam ouvir a matriarca, que havia saído de casa e dava ordens: “Isso, João. Capricha. Agora quero ver se ele não aprende a não incomodar mais as galinhas”. O filho caprichava. O cachorro já não mais oferecia muita resistência. Cansado, resfolegando, perdera o ímpeto que tivera quando a surra começou. Aceitava as pancadas, que não cessavam, não mais tentando arrebentar a corda que o prendia. Seguindo o instinto, investira contra o dono, o que só fez com que este, colérico, com mais força batesse.

Os funcionários, vendo o estado em que o cão já estava, pensaram em intervir, certos de que o rapaz acabaria matando o viçoso Rex. Nisso, a mãe, ao ver que mais alguns filhos estavam também saindo de casa para ver o fato, mandou que um deles buscasse um porrete maior, para o qual ela apontara. O menino obedeceu. “Leva pro João”, disse ela. João apanhou o pedaço de pau maior e mais pesado e pareceu dobrar sua força. O cachorro já era só passividade. Os empregados, quando começaram a caminhar, receberam de outro dos irmãos a admoestação: “Para o bem de vocês, voltem pro trabalho”.

Suado, cansado, João tirou a camisa sob um sol de meio-dia que não dava trégua. Jogou no chão o pedaço de pau e passou a chutar Rex, que estava deitado, sangrando, de olhos fechados. “Isso é pra você aprender a não mexer mais com as galinhas. Toma!”. O cachorro não achava forças para se movimentar, mas era sacudido pelos golpes. João o pegou pelo pescoço, começou a enforcá-lo: “Vai mexer mais com as galinhas? Vai?”. Rex, inerte, abriu os olhos. João apanhou um pedaço de pau menor que estava por perto e o enfiou na boca do cachorro, empurrando-o o mais forte que podia pela goela do bicho. Ao deixar livre a boca do cachorro, acomodou as mãos na boca de Rex e começou a abri-la o máximo que conseguiu. Depois, o largou, lavou as mãos e foi comer mais um pouco.
Rex está morto.

By Lívio Soares
In: Anacrônico

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Se teu Fusca falasse'...


Capa da Playboy americana – confirmada para janeiro –, a atriz Lindíssima Lohan tira a roupa para pagar dívidas.

Viva o capitalismo!

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O suplício de Damiens

[Damiens fora condenado, a 2 de março de 1757], a pedir perdão publicamente diante da porta principal da Igreja de Paris [aonde devia ser] levado e acompanhado numa carroça, nu, de camisola, carregando uma tocha de cera acesa de duas libras; [em seguida], na dita carroça, na praça de Greve, e sobre um patíbulo que aí será erguido, atenazado nos mamilos, braços, coxas e barrigas das pernas, sua mão direita segurando a faca com que cometeu o dito parricídio, queimada com fogo de enxofre, e às partes em que será atenazado aplicar-se-ão chumbo derretido, óleo fervente, piche em fogo, cera e enxofre derretidos conjuntamente, e a seguir seu corpo será puxado e desmembrado por quatro cavalos e seus membros e corpo consumidos ao fogo, reduzidos a cinzas, e suas cinzas lançadas ao vento.

Finalmente foi esquartejado [relata a Gazette d'Amsterdam]. Essa última operação foi muito longa, porque os cavalos utilizados não estavam afeitos à tração; de modo que, em vez de quatro, foi preciso colocar seis; e como isso não bastasse, foi necessário, para desmembrar as coxas do infeliz, cortar-lhe os nervos e retalhar-lhe as juntas...

Afirma-se que, embora ele sempre tivesse sido um grande praguejador, nenhuma blasfêmia lhe escapou dos lábios; apenas as dores excessivas faziam-no dar gritos horríveis, e muitas vezes repetia: "Meu Deus, tende piedade de mim; Jesus, socorrei-me". Os espectadores ficaram todos edificados com a solicitude do cura de Saint-Paul que, a despeito de sua idade avançada, não perdia nenhum momento para consolar o paciente.

[O comissário de polícia Bouton relata]: Acendeu-se o enxofre, mas o fogo era tão fraco que a pele das costas da mão mal e mal sofreu. Depois, um executor, de mangas arregaçadas acima dos cotovelos, tomou umas tenazes de aço preparadas ad hoc, medindo cerca de um pé e meio de comprimento, atenazou-lhe primeiro a barriga da perna direita, depois a coxa, daí passando às duas partes da barriga do braço direito; em seguida os mamilos. Este executor, ainda que forte e robusto, teve grande dificuldade em arrancar os pedaços de carne que tirava em suas tenazes duas ou três vezes do mesmo lado ao torcer, e o que ele arrancava formava em cada parte uma chaga do tamanho de um escudo de seis libras.

Depois desses suplícios, Damiens, que gritava muito sem contudo blasfemar, levantava a cabeça e se olhava; o mesmo carrasco tirou com uma colher de ferro do caldeirão daquela droga fervente e derramou-a fartamente sobre cada ferida. Em seguida, com cordas menores se ataram as cordas destinadas a atrelar os cavalos, sendo estes atrelados a seguir a cada membro ao longo das coxas, das pernas e dos braços.

O senhor Lê Breton, escrivão, aproximou-se diversas vezes do paciente para lhe perguntar se tinha algo a dizer. Disse que não; nem é preciso dizer que ele gritava, com cada tortura, da forma como costumamos ver representados os condenados: "Perdão, meu Deus! Perdão, Senhor". Apesar de todos esses sofrimentos referidos acima, ele levantava de vez em quando a cabeça e se olhava com destemor. As cordas tão apertadas pelos homens que puxavam as extremidades faziam-no sofrer dores inexprimíveis. O senhor Lê Breton aproximou-se outra vez dele e perguntou-lhe se não queria dizer nada; disse que não. Achegaram-se vários confessores e lhe falaram demoradamente; beijava conformado o crucifixo que lhe apresentavam; estendia os lábios e dizia sempre: "Perdão, Senhor".

Os cavalos deram uma arrancada, puxando cada qual um membro em linha reta, cada cavalo segurado por um carrasco. Um quarto de hora mais tarde, a mesma cerimônia, e enfim, após várias tentativas, foi necessário fazer os cavalos puxar da seguinte forma: os do braço direito à cabeça, os das coxas voltando para o lado dos braços, fazendo-lhe romper os braços nas juntas. Esses arrancos foram repetidos várias vezes, sem resultado. Ele levantava a cabeça e se olhava. Foi necessário colocar dois cavalos, diante dos atrelados às coxas, totalizando seis cavalos. Mas sem resultado algum.

Enfim o carrasco Samson foi dizer ao senhor Lê Breton que não havia meio nem esperança de se conseguir e lhe disse que perguntasse às autoridades se desejavam que ele fosse cortado em pedaços. O senhor Lê Breton, de volta da cidade, deu ordem que se fizessem novos esforços, o que foi feito; mas os cavalos empacaram e um dos atrelados às coxas caiu na laje. Tendo voltado os confessores, falaram-lhe outra vez. Dizia-lhes ele (ouvi-o falar): "Beijem-me, reverendos".  O senhor cura de Saint-Paul não teve coragem, mas o de Marsilly passou por baixo da corda do braço esquerdo e beijou-o na testa. Os carrascos se reuniram, e Damiens dizia-lhes que não blasfemassem, que cumprissem seu ofício, pois não lhes queria mal por isso; rogava-lhes que orassem a Deus por ele e recomendava ao cura de Saint-Paul que rezasse por ele na primeira missa.

Depois de duas ou três tentativas, o carrasco Samson e o que lhe havia atenazado tiraram cada qual do bolso uma faca e lhe cortaram as coxas na junção com o tronco do corpo; os quatro cavalos, colocando toda força, levaram-lhe as duas coxas de arrasto, isto é: a do lado direito por primeiro, e depois a outra; a seguir fizeram o mesmo com os braços, com as espáduas e axilas e as quatro partes; foi preciso cortar as carnes até quase aos ossos; os cavalos, puxando com toda força, arrebataram-lhe o braço direito primeiro e depois o outro.

Uma vez retiradas essas quatro partes, desceram os confessores para lhe falar; mas o carrasco informou-lhes que ele estava morto, embora, na verdade, eu visse que o homem se agitava, mexendo o maxilar inferior como se falasse. Um dos carrascos chegou mesmo a dizer pouco depois que, assim que eles levantaram o tronco para o lançar na fogueira, ele ainda estava vivo. Os quatro membros, uma vez soltos das cordas dos cavalos, foram lançados numa fogueira preparada no local sito em linha reta do patíbulo, depois o tronco e o resto foram cobertos de achas e gravetos de lenha, e se pôs fogo à palha ajuntada a essa lenha.

...Em cumprimento da sentença, tudo foi reduzido a cinzas. O último pedaço encontrado nas brasas só acabou de se consumir às dez e meia da noite. Os pedaços de carne e o tronco permaneceram cerca de quatro horas ardendo. Os oficiais, entre os quais me encontrava eu e meu filho, com alguns arqueiros formados em destacamento, permanecemos no local até mais ou menos onze horas.

Alguns pretendem tirar conclusões do fato de um cão se haver deitado no dia seguinte no lugar onde fora levantada a fogueira, voltando cada vez que era enxotado. Mas não é difícil compreender que esse animal achasse o lugar mais quente do que outro.

Michel Foucault
In: "Vigiar e punir: a história da violência nas prisões"
Tradução: Raquel Ramalhete

domingo, 16 de outubro de 2011

Eles, os sindicalistas, vistos por um sociólogo

Na década de 90, elas [Força Sindical e CUT] não passavam do mesmo lado da rua. Hoje, quem não é ministro quer uma secretaria no governo. Ambos estiveram na gestão Lula e agora estão na da Dilma. Isso mostra a capacidade que o Lula teve de cooptar no aparato de Estado uma parte importante da cúpula do sindicalismo brasileiro. Trouxe a Força Sindical, porque não é difícil trazer a Força Sindical para governo nenhum. E trouxe a CUT, porque a CUT tem relações ontogenéticas com o PT, são em certo sentido aparentados. Num governo petista, ainda que com tudo que está lá dentro, é evidente que a CUT se sente mais em casa do que se sentia no do PSDB.
***
A CUT é contra o imposto sindical, mas não o devolve. Aliás, uma das piores coisas do governo Lula, das mais nefastas, foi ter ampliado o imposto sindical para as centrais, coisa que nem o Getúlio ousou fazer. As centrais sindicais hoje têm uma fatia de dinheiro enorme, que vai para elas direto. A nenhum associado é perguntado se quer descontar esse imposto ou não. A única entidade sindical que não o aceita e, nesse ponto, é absolutamente coerente é a Conlutas. Ela diz que vai viver do pagamento autônomo dos associados. Porque, quando se vive de um recurso que o Estado arrecada e repassa, desvirtuou-se a autonomia.
*** 
O Lula é um dos casos mais bem-sucedidos da política brasileira do self-made man, daquele indivíduo que vai subindo as escadas e chega ao alto. Cada degrau da sua ascensão foi um valor que ele deixou para trás.

Trechos de ENTREVISTA COM RICARDO ANTUNES, autor de "Continente do labor" (lançamento: 31/10)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Último capítulo



Revelado o segredo de Naomi (foto) na estreia do "Fakebook":

Clique AQUI.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Rolling Stone de outubro



Bastidores da produção do histórico álbum "Dark side of the Moon":


sábado, 17 de setembro de 2011

Fotografia urbana



Dez lições de Henri Cartier-Bresson, apud erickimphotography.com

terça-feira, 13 de setembro de 2011

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Onze de Setembro: o relatório ilustrado




Os atentados do 11 de Setembro segundo o governo americano:
"The 9/11 report: a graphic adaptation".

Quadrinizado por Ernie Colón e Sid Jacobson.


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Alter egos


Orlei the Eagle / Sam Moreira

Alter egos



Mascote: by Manoel
Discóbolo: by Mirón

sábado, 6 de agosto de 2011

A instabilidade

O projeto do cientista era assombroso: deter a marcha do tempo para estudar uma estrela bem de perto, daqui a 27,5 milhões de anos. O plano funcionou perfeitamente. Só faltou um detalhe.

By Isaac Asimov
© COPYRIGHT OBSERVER SPECIAL FEATURES





O professor Firebrenner explicou tudo cuidadosamente.
– A percepção do tempo depende da estrutura do Universo. Quando o Universo se expande, percebemos o tempo indo para a frente; caso contraísse, perceberíamos o tempo indo para trás. Se de alguma forma pudéssemos forçar o Universo a ficar estático, sem se expandir nem se contrair, o tempo permaneceria imóvel.
– Mas não se pode tornar o Universo estático – disse Mr. Atkins, fascinado.
– E no entanto eu posso tornar estática uma pequena porção do Universo – disse o professor. – Apenas o bastante para conter uma nave. O tempo deter-se-á e poderemos andar para a frente e para trás à vontade, e a viagem inteira vai durar menos que um instante. Mas todas as partes do Universo vão se mover enquanto ficarmos parados, fixados ao tecido do Universo. A Terra gira em volta do Sol, o Sol se move rumo ao centro da Galáxia, a Galáxia se desloca ao redor de um centro de gravidade – todas as galáxias se movem. Calculei esses movimentos e descobri que daqui a 27,5 milhões de anos uma estrela anã-vermelha irá ocupar a posição do nosso Sol hoje. Então, se avançarmos 27,5 milhões de anos no futuro, em menos de um instante a anã-vermelha estará perto de nossa nave espacial e nós poderemos voltar para casa depois de estudá-la.
Atkins disse:
– Será que isso é possível?
– Eu já enviei animais de laboratório através do tempo, mas não consigo fazer com que eles regressem automaticamente. Se você e eu formos, poderemos manipular os controles de modo a voltar.
– E você quer que eu vá junto?
– Claro. É preciso haver dois. É mais fácil acreditar em duas pessoas do que uma. Venha. Será uma aventura incrível!

* * *

Atkins inspecionou a nave. Era um modelo 2217 Glenn movido a fusão e parecia lindo.
– Suponha – ele disse – que ela pouse dentro da anã-vermelha.
– Isso não acontecerá – disse o professor –, mas se acontecer é o risco que corremos.
– Mas, quando voltarmos, o Sol e a Terra terão se movido. Ficaremos no espaço.
– Claro, mas quanto o Sol e a Terra podem se mover nas poucas horas em que ficaremos observando a estrela? com esta nave alcançaremos nosso amado planeta. Está pronto, Mr. Atkins?
– Pronto – suspirou Atkins.
O professor Firebrenner fez os ajustes necessários e fixou a nave no tecido do Universo, enquanto 27,5 milhões de anos se passaram. E então, mais rápido que um relâmpago, o tempo começou a mover-se para a frente de novo, como sempre, e tudo no Universo moveu-se com ele...
Pela escotilha da nave, o professor Firebrenner e Mr. Atkins podiam ver a pequena esfera da estrela anã-vermelha. O professor sorriu.
– Você e eu, Atkins, somos os primeiros a ver de perto uma estrela que não é o nosso próprio Sol.
Eles ficaram ali duas horas e meia fotografando a estrela e seu espectro e tantas estrelas próximas quanto puderam. Fizeram ainda observações coronagráficas especiais, testaram a composição química do gás interestelar e então, com alguma relutância, o professor Firebrenner disse:
– Acho melhor a gente voltar agora.

* * *
Novamente os controles foram ajustados e novamente a nave foi fixada ao tecido do Universo. Eles viajaram 27,5 milhões de anos rumo ao passado e, mais depressa que um relâmpago, estavam de volta ao local de partida.
O espaço estava negro. Não havia nada.
Atkins disse:
– Que aconteceu? Onde estão a Terra e o Sol?
O professor franziu a testa. Disse:
– Andar para trás no tempo deve ser diferente. O Universo inteiro deve ter-se movido.
– Para onde?
– Não sei. Outros objetos mudam de posição dentro do Universo, mas o Universo como um todo tem de mover-se numa determinada direção. Aqui estamos no vácuo absoluto, no Caos original.
– Mas nós estamos aqui. Não é mais o Caos original.
– Exatamente. Isto quer dizer que introduzimos uma instabilidade neste lugar em que existimos, e isso quer dizer...
No mesmo instante em que ele disse "isso", uma Grande Explosão os aniquilou. Um novo Universo surgiu e começou a se expandir.

In: Superinteressante nº 20, pp.40-41
Maio de 1989

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Alter egos




Mickey Mouse: by Floyd Gottfredson
Big Pato: By Elder Ribeiro

sábado, 16 de julho de 2011

sábado, 9 de julho de 2011

Madeleine



* * *
E de súbito a lembrança me apareceu. Aquele gosto era o do pedacinho de madeleine que minha tia Léonie me dava aos domingos pela manhã em Combray (porque nesse dia eu não saía antes da hora da missa), quando ia lhe dar bom-dia no seu quarto, depois de mergulhá-lo em sua infusão de chá ou de tília. A vista do pequeno biscoito não me recordara coisa alguma antes que o tivesse provado; talvez porque, tendo-o visto desde então, sem comer, nas prateleiras das confeitarias, sua imagem havia deixado aqueles dias de Combray para se ligar a outros mais recentes; talvez porque, dessas lembranças abandonadas há tanto fora da memória, nada sobrevivesse, tudo se houvesse desagregado; as formas – e também a da pequena conchinha de confeitaria, tão gordamente sensual sob as suas estrias severas e devotas – tinham sido abolidas, ou, atormentadas, haviam perdido a força de expansão que lhes teria permitido alcançar a consciência. Mas, quando nada subsiste de um passado antigo, depois da morte dos seres, depois da destruição das coisas, sozinhos, mais frágeis porém mais vivazes, mais imateriais, mais persistentes, mais fiéis, o aroma e o sabor permanecem ainda por muito tempo, como almas, chamando-se, ouvindo, esperando, sobre as ruínas de tudo o mais, levando sem se submeterem, sobre suas gotículas quase impalpáveis, o imenso edifício das recordações.

E logo que reconheci o gosto do pedaço da madeleine mergulhado no chá que me dava minha tia (embora não soubesse ainda e devesse deixar para bem mais tarde a descoberta de porque essa lembrança me fazia tão feliz), logo a velha casa cinzenta que dava para a rua, onde estava o quarto dela, veio como um cenário de teatro se colar ao pequeno pavilhão, que dava para o jardim, construído pela família nos fundos (o lanço truncado que era o único que recordara até então); e com a casa, a cidade, da manhã à noite e em todos os tempos, a praça para onde me mandavam antes do almoço, as ruas aonde eu ia correr, os caminhos por onde se passeava quando fazia bom tempo. E como nesse jogo em que os japoneses se divertem mergulhando numa bacia de porcelana cheia de água pequeninos pedaços de papel até então indistintos que, mal são mergulhados, se estiram, se contorcem, se colorem, se diferenciam, tornando-se flores, casas, pessoas consistentes e reconhecíveis, assim agora todas as flores do nosso jardim e as do parque do Sr. Swann, e as ninféias do Vivonne, e a boa gente da aldeia e suas pequenas residências, e a igreja, e toda Combray e suas redondezas, tudo isso que toma forma e solidez, saiu, cidade e jardins, de minha xícara de chá.

Marcel Proust, in "No caminho de Swann" (Ediouro, pp.52-53)
(Ilustração: Lívio Soares)

terça-feira, 28 de junho de 2011

Não dá pra não baixar



Clique AQUI para baixar o jornal "Folha de S.Paulo" em PDF. Para dificultar a exclusão, os arquivos estão disponíveis em sete provedores diferentes. Coisa de profissional...

Enjoy!

sábado, 25 de junho de 2011

Alter egos

Luigi Francis Shorty Rossi e Hercules, personagens da série "Pit Boss", que estreou quinta (23) no canal pago Animal Planet.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Porquês


"Calvin & Haroldo"
By Bill Watterson

sábado, 18 de junho de 2011

Sinais de fumaça

"Dizem que o Fux sabe levar um Bob Marley esperto no violão e que a Carmen Lucia, depois de duas cervejas, canta que nem a Janis Joplin. Acho que o troço vai ser animado", garantiu o ex-presidente. Dividindo um pacote de Sonho de Valsa e uma lata de leite condensado, Marco Aurélio Mello e Celso de Mello riam compulsivamente de um barulhinho estridente emitido pela máquina de café. Ao ouvir a palavra "cachimbo", a ministra Ellen Gracie se dobrou no chão de tanto rir.

"The i-Piauí Herald"

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Ossos do ofício

"Peanuts"
By Charles M. Schulz

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Queira desculpar-nos pela covardia


Era o ano do Pássaro das Águas. Havia morrido o décimo-terceiro dalai lama,o Deus-rei tibetano. Embalsamado e sentado na posição de lótus, estava virado para o sul. Uma pergunta pesava no ar: onde estaria o 14º dalai lama? Em que corpo a alma de Thupten Gyatso reencarnar-se-ia? Naquela noite, após a visitação, dois monges endireitaram o corpo e o rosto. Na manhã seguinte, porém, a cabeça havia se inclinado para o leste. Mais um dia se passou e os monges voltaram a acertar a direção do rosto para o sul. Novamente, a cabeça se virou para o leste. Era o presságio – o novo dalai lama estaria naquela direção.

Dois anos se passaram. Um grupo de Rinpoches (o equivalente ao bispo na Igreja Católica) seguiu para o lago sagrado de Lhamoi Latso para procurar sinais do paradeiro do novo Deus-rei. Era 1935, o ano do Javali do Bosque. Lá viram a aparição de três letras que, decifradas, indicavam a região de Amdo, no noroeste do país.

Partiram e depois de muitas tentativas frustradas bateram à porta de um casebre. Foram recebidos por um garotinho, Lhamo Dondup. Estavam disfarçados de mendigos, mas o garoto não se enganou. Saudou um deles por nome. “Você é Tsedurun Lobsang”, declarou, enquanto lágrimas enchiam os olhos dos monges.

Depois de muitos testes, em que o garoto identificava objetos de uso pessoal do dalai lama entre imitações perfeitas, estava claro: haviam encontrado o 14º dalai lama. No entanto, foram forçados a negociar por mais de um ano com o governador chinês daquela província, que exigiu e recebeu US$300 mil em prata, praticamente toda a fortuna do Tibete, para liberar o garoto.

Ser refém dos chineses virou hábito para o novo dalai lama. Depois de ver o seu sagrado Tibete invadido pelos chineses em 1950 e tentar proteger a sua nação durante anos, foi obrigado a fugir numa noite de 1959 para Dharamsala, na Índia, para formar o seu governo no exílio. Seguiu-se um genocídio onde 3.000 mosteiros foram destruídos, 250 mil tibetanos assassinados, a maioria deles monges. De acordo com o próprio dalai lama, “homens e mulheres foram lentamente mortos enquanto suas famílias eram forçadas a assistir e pequenas crianças eram obrigadas a atirar em seu próprios pais”.

Desde então o dalai lama tem sido incansável na busca da liberdade de seu país, que tem o tamanho de quase toda a Europa junta! O reconhecimento do ocidente veio com o Premio Nobel da Paz. Agora, o dalai lama foi convidado pela ONU a vir à Eco-92. Mas os chineses pressionaram o Itamaraty, dizendo que não estariam em solo brasileiro ao mesmo tempo que o Nobel da Paz. O nosso governo, em vez de deixar os chineses explicarem a sua chantagem para o resto do mundo, se curvou e deu ao dalai lama primeiro quatro e depois sete dias de visto, fazendo com que ele já esteja longe quando a delegação chinesa chegar.

Ironicamente, o dalai lama passará o seu aniversário no Brasil. Aos 57 anos, já está bem acostumado à covardia e a observa com pacientes e serenos olhos. Se tivesse pedido visto com seu nome de Getsul Ngawang Lobsang Tenzin Gyatso teria obtido visto normal de turista. Mas como é o Deus-rei, só poderá ficar sete dias conosco, porque os chineses mandaram. Seja bem-vindo, dalai lama, Deus-rei, e feliz aniversário. Queira desculpar a nossa covardia...


Ricardo Semler

In: "Embrulhando o peixe" (1992, Ed. Best Seller)

domingo, 15 de maio de 2011

Collor vs. Folha


Leia fac-símile da defesa de Otávio Frias Filho, Josias de Souza, Nélson Blecher e Gustavo Krieger no processo movido pelo presidente nos anos 90s (págs. 12 e 13, Primeiro Caderno).

O acesso ao acervo da "Folha de S. Paulo" (todas as edições, desde 1921) por enquanto é irrestrito: período de degustação.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Bombardeio ideológico



De editorial em editorial, o The New York Times vai delineando o estado de espírito da opinião pública. (...) Mas a maior arma estava na virulência belicista de seus articulistas. Dois deles destacaram-se, as estrelas do jornal: Thomas L. Friedman e William Safire [foto].

(...) Um dia depois dos atentados, Safire escreve um artigo agressivo: "Quando pudermos determinar onde estão as bases de nossos inimigos, devemos pulverizá-los, minimizando – mas sem deixar de aceitar – o risco de danos colaterais". É a antecipação do ideário de guerra de Bush.

(...) O jornalista pedia que os Estados Unidos passassem para a fase dois: atacar o Iraque. Mas era preciso agir no momento certo. "E este é o momento."

(...) O jornalista elogiava a política de Bush de atacar qualquer país que abrigasse terroristas. "Com essa compreensão, nossos líderes amadureceram, nossa política externa ganhou novo respeito e a lei internacional foi alterada para sempre".


***

Depois dos atentados de 11 de Setembro , todo tipo de notícia contra Bin Laden era bem-vinda. Ele teria especulado com ações de empresas seguradoras europeias e americanas e das companhias aéreas United Airlines e American Airlines sabendo que a cotação desabaria no mercado. Nunca se deu qualquer indício de como isso foi feito e nunca mais se falou no assunto.

(...) O texto, transcrito pelo Estadão, dizia que Bin Laden "teria" vinte bombas nucleares russas, compradas da máfia russa por 30 milhões de dólares e duas toneladas de ópio. A fonte é a revista Al-Watan. Nenhuma prova é apresentada.

(...) Importante lembrar um artigo do jornalista Robert Fisk, no The Independent britânico, escrito no dia 6 de setembro de 2001: "O erro dos Estados unidos foi não agir corretamente no Oriente Médio. Nos próximos dias será feito um esforço para esquecer os motivos dos atentados. E as atenções estarão voltadas para quem e como foram executados. A CNN e a maioria da mídia já obedecem a essa regra essencial da guerra".


Carlos Dorneles
In: "Deus é inocente: a imprensa, não."

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Obrigado, Paulo Coelho

Trechos do artigo "Obrigado, presidente Bush", de Paulo Coelho, publicado em 2003 na Folha Online (8/3) e no "Le Monde" (17/3) às vésperas da invasão do Iraque, em 20 de março:

"Obrigado, grande líder George W. Bush.

O sr. foi capaz de mostrar muitas coisas importantes ao mundo, e por isso merece minha gratidão. Assim, recordando um poema que aprendi na infância, quero lhe dizer obrigado.

Obrigado por mostrar a todos que o povo turco e seu Parlamento não estão à venda, nem por 26 bilhões de dólares.

Por deixar claro que tanto José María Aznar como Tony Blair não têm nenhum respeito pelos votos que receberam.

Obrigado porque sua perseverança forçou Blair a ir ao Parlamento com um dossiê falsificado, escrito por um estudante há dez anos, e apresentar isso como 'provas contundentes recolhidas pelo serviço secreto britânico'.

Obrigado porque sua posição fez com que o ministro de Relações Exteriores da França, sr. Dominique de Villepin, em seu discurso contra a guerra, tivesse a honra de ser aplaudido no plenário, honra que, pelo que eu saiba, só tinha acontecido uma vez na história da ONU, por ocasião de um discurso de Nelson Mandela.

Obrigado porque, graças aos seus esforços pela guerra, pela primeira vez as nações árabes, geralmente divididas, foram unânimes em condenar uma invasão, durante encontro no Cairo.

Obrigado porque, graças à sua retórica afirmando que 'a ONU tem uma chance de mostrar sua relevância', mesmo países mais relutantes terminaram tomando posição contra um ataque.

Obrigado por ter conseguido o que poucos conseguiram neste século: unir milhões de pessoas, em todos os continentes, lutando pela mesma idéia, embora essa idéia seja oposta à sua.

Agora que os tambores da guerra parecem soar de maneira irreversível, quero fazer minhas as palavras de um antigo rei europeu a um invasor: 'Que sua manhã seja linda, que o sol brilhe nas armaduras de seus soldados, porque durante a tarde eu o derrotarei'."

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Amados Frankensteins

Artigo publicado domingo, 14 de dezembro de 2003, dia da captura de Saddam Hussein.

Capturamos o nosso amado Frankenstein

Graças a Deus Saddam está finalmente de volta às mãos americanas! Ele deve ter tido muita saudade da gente. Cara, como a aparência dele era horrível! Mas, pelo menos, ele conseguiu um exame odontológico gratuito. Isso é algo que não está disponível para a maioria dos americanos.

Os EUA costumavam gostar de Saddam. Nós AMÁVAMOS Saddam. Nós demos dinheiro a ele.

Nós demos armas a ele. Nós o ajudamos a usar armas químicas contra soldados iranianos.

Mas aí ele meteu os pés pelas mãos. Invadiu a ditadura do Kuait. E fez a pior coisa possível. Ameaçou um amigo nosso ainda MELHOR: a ditadura da Arábia Saudita e suas vastas reservas petrolíferas. Os Bushes e a família real saudita eram e ainda são íntimos parceiros em negócios.

Saddam costumava ser nosso bom amigo e aliado. Demos apoio ao seu regime. Não foi a primeira vez em que ajudamos um assassino. Nós gostávamos de brincar de dr. Frankenstein. Criamos uma porção de monstros -o xá do Irã, Somoza, na Nicarágua, Pinochet, no Chile- e depois demonstramos ignorância ou choque quando eles saem de controle e massacram pessoas.

Gostávamos de Saddam porque ele estava disposto a combater o aiatolá. Então garantimos que ele conseguisse bilhões de dólares para comprar armas. Armas de destruição em massa. É isso mesmo, ele as tinha. E nós deveríamos saber bem. Nós as demos para ele!

Permitimos e encorajamos empresas americanas a fazer negócios com Saddam nos anos 80. Foi como ele conseguiu compostos químicos e biológicos para usar em armas. Eis aqui uma lista de parte das coisas que demos para ele (de acordo com um relatório de 1994 do Senado americano):

- Bacillus anthracis, causa do antraz.

- Clostridium botulinum, uma fonte de toxinas de botulismo.

- Histoplasma capsulatam, que provoca uma doença que ataca pulmões, cérebro, medula espinhal e coração.

- Brucella melitensis, uma bactéria que pode causar danos nos principais órgãos.

- Clostridium perfringens, uma bactéria altamente tóxica que provoca doença generalizada.

- Clostridium tetani, uma substância altamente tóxica.

E aqui estão algumas das empresas americanas que incentivaram Saddam ao fazer negócios com ele: AT&T, Bechtel, Caterpillar, Dow Chemical, Dupont, Kodak, Hewlett-Packard e IBM.

Nós éramos tão chegados ao velho e bom Saddam que decidimos dar a ele imagens de satélite para que localizasse tropas iranianas. Nós tínhamos uma boa idéia de como ele iria usar essa informação, e, sem nenhuma surpresa, assim que lhe demos as fotos, ele jogou gás venenoso nos soldados. E ficamos em silêncio. Porque ele era nosso amigo, e os iranianos, nossos "inimigos".

Mais tarde, ele usou o gás contra seu próprio povo, os curdos. Você poderia imaginar que isso nos forçaria a romper relações. O Congresso tentou impor sanções econômicas a Saddam, mas a administração Reagan rejeitou essa idéia rapidamente. Fomos para a cama com esse Frankenstein que nós mesmos (em parte) criamos.

E, exatamente como o mitológico Frankenstein, chegou uma hora em que Saddam saiu de controle. Ele não mais fazia o que seu mestre lhe ordenava. Saddam precisava ser pego. E agora que está domado, talvez tenha algo a dizer sobre seus criadores. Talvez possamos ouvir coisas... interessantes. Talvez Don Rumsfeld possa sorrir e apertar a mão de Saddam novamente. Exatamente como fez em 1983.

Talvez jamais estivéssemos na situação atual se Rumsfeld, Bush pai e companhia não estivessem tão animados nos anos 80 com seu monstro amigo no deserto.

Enquanto isso, alguém sabe onde está o cara que matou 3.000 pessoas no 11 de Setembro? Nosso outro Frankenstein? Talvez ele esteja em uma ratoeira.

Tantos de nossos pequenos monstros e tão pouco tempo antes da próxima eleição...

Fiquem firmes, candidatos democratas. Parem de soar como um bando de bananas. Aqueles bastardos nos mandaram para a guerra com uma mentira, a matança não vai parar, o mundo árabe nos odeia intensamente, e vamos ter de abrir os bolsos para pagar por isso por muitos anos. Nada do que aconteceu hoje (ou nos últimos nove meses) nos deixou um TIQUINHO mais seguros neste mundo pós-11 de Setembro. Saddam jamais foi uma ameaça à nossa segurança nacional.

A única coisa que nos ameaça é o desejo de brincarmos de dr. Frankenstein.

Sinceramente,

Michael Moore

sexta-feira, 29 de abril de 2011

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Alter egos


"Peter Brown" e "Charlie Parker"

quinta-feira, 21 de abril de 2011

O veredicto


"Peanuts"
By Charles M. Schulz

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Pontos de referência

"Peanuts"
By Charles M. Schulz

terça-feira, 5 de abril de 2011

sábado, 2 de abril de 2011

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O Globo, edição integral


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terça-feira, 22 de março de 2011

O segredo dos cisnes


Nina consegue executar, sem qualquer erro, o Cisne Branco porque, para ela, representar o momento da fragilidade e da submissão ao forte é algo que já a constitui como ser humano. Já o Cisne Negro vem-lhe como um desafio, pois lhe é exigida uma performance que ainda não está em conformidade com o seu ser, a performance do ímpeto, da independência, da força.

Bruna Caixeta
In: Brumas

segunda-feira, 7 de março de 2011

"Quem está aí?"

A característica mais importante da visão oriental do mundo - poder-se-ia mesmo dizer, a essência dessa visão - é a consciência da unidade e da inter-relação de todas as coisas e eventos, a experiência de todos os fenômenos do mundo como manifestações de uma unidade básica. Todas as coisas são encaradas como partes interdependentes e inseparáveis do todo cósmico; em outras palavras, como manifestações diversas da mesma realidade última.

As tradições orientais referem-se constantemente a essa realidade última, indivisível, que se manifesta em todas as coisas e da qual todas as coisas são partes componentes. Essa realidade é denominada Brahman, no Hinduísmo; Dharmakaya, no Budismo; Tao, no Taoísmo.

Um musicoterapeuta chegou às portas do Céu e chamou. Do outro lado, a voz de Deus lhe perguntou: "Quem está aí?", e o terapeuta respondeu: "Sou eu".

A voz replicou categórica:

"Nesta casa não há lugar para ti e para mim".

O musicoterapeuta foi-se embora e passou muitos anos meditando sobre essa resposta de Deus. Retornou ao Céu pela segunda vez e a voz lhe fez a mesma pergunta. O terapeuta, novamente, respondeu: "Sou eu". A porta permaneceu fechada.

Ao cabo de alguns anos, depois de ter dedicado todo esse tempo a pesquisar a relação do som com todo o Universo, tornou pela terceira vez. Quando chamou à porta, a voz lhe perguntou de novo: "Quem está aí?". O terapeuta gritou "És tu mesmo" e a porta se abriu.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

O melhor filme do ano


A última e melhor parte da trilogia "Toy Story" concorre ao Oscar de melhor filme de 2010 (não é [apenas] como melhor longa animado), repetindo a proeza de "A Bela e a Fera", há 20 anos. A cerimônia será transmitida domingo e Woddy e sua turma deverão estar presentes "ao vivo', vestidos a caráter. A Pixar atingiu o estado da arte com o lançamento de "Toy Story", o primeiro longa-metragem totalmente em computação gráfica.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Alarme falso



Quando redigíamos este texto, uma comunicação divulgada pelo Wikileaks mostrava a preocupação norte-americana com a possibilidade de que Brasília fosse atingida por choques de aviões contra seus edifícios públicos. O objetivo é nos obrigar a adotar a legislação antiterrorismo, e criar inimigos onde não os temos. Somos um povo pacífico, de vocação ecumênica, uma maioria cristã que se dá bem com muçulmanos, judeus e budistas. Nessa conduta está nossa segurança.

Mauro Santayana, in Um mundo sem segredos

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Trio Fantástico


O Quarteto Fantástico, primeiro grupo de super-heróis da Marvel criado por Stan Lee, em 1961, será um trio a partir de agora, formado pela Mulher Invisível, o Senhor Fantástico e o Coisa, que conseguiram se salvar da morte na nova edição da história em quadrinhos. O Tocha Humana morre no esperado número 587 da série, quando será desvendado o mistério da série intitulada "Three".

Fonte: UOL